Pessoas com deficiência alvo de discriminação nos concertos da Taylor Swift

Créditos fotografia: Cosmopolitan

Press Release

As pessoas com deficiência estão a ser discriminadas no valor dos bilhetes para os concertos da Taylor Swift, a realizar-se já nos dias 24 e 25 de maio, no Estádio da Luz, em Lisboa.

Os únicos lugares para pessoas com mobilidade reduzida custam mais do dobro do valor mais baixo da tabela de preços, não havendo opção de escolha.

São mais de 20 as opções de bilhetes para quem compra bilhete para os concertos da cantora norte-americana. Os bilhetes vão desde os €55.50, até aos VIPs, que podem custar até €539. No entanto, as pessoas com deficiência só têm uma opção de escolha: bilhetes a €147.50. Na tabela abaixo podem-se verificar as várias tipologias de bilhetes existentes e os seus respetivos valores. 

Tabela de preços

Dada a limitação do recinto, os lugares para mobilidade reduzida (PMR) situam-se apenas na bancada 0, em zonas específicas. Assim, esta comunidade enfrenta uma dupla discriminação: a falta de opções nos preços dos bilhetes e a falta de alternativas de lugares para mobilidade reduzida. 

Vale ainda referir que, os bilhetes para mobilidade reduzida foram postos à venda 1h após o início da venda geral, facto comunicado apenas via Twitter. Adicionalmente, o público geral teve a possibilidade de comprar 4 bilhetes com 1 só código, enquanto o link para PMR só dava acesso a comprar 2 bilhetes. 

Sempre que só existe uma opção de lugar para PMR, o expectável é o valor do bilhete ser equivalente ao mais baixo da tabela de preços, tal como é praticado pela esmagadora maioria dos eventos culturais em Portugal. 

A produtora Last Tour Portugal foi contactada sobre esta questão, à qual nunca deu resposta. Foi, também, feita uma queixa por discriminação em razão da deficiência, através do INR — Instituto Nacional de Reabilitação, que reencaminhou a reclamação para a ASAE. Esta não tomou qualquer posição, nem enviou a questão para o IGAC – Inspecção Geral Das Actividades Culturais, a entidade reguladora deste sector.

Esta tem sido uma situação recorrente por parte de algumas produtoras nacionais, dada a falta de responsabilidade social e legislação específica sobre esta matéria.

Sobre a autora

Raquel Banha tem 27 anos, é natural de Lisboa e “artivista” pelos direitos humanos das pessoas com deficiência. Nasceu no mundo do teatro e é uma espetadora assídua de eventos culturais, nomeadamente concertos e festivais. Faz parte da associação CVI — Centro de Vida Independente, co-fundou o coletivo informal Vida Independente em Marcha e mantém uma relação próxima com organizações como a Acesso Cultura e a Access Lab. Desde 2021 que é uma das embaixadoras do Festival Política. 

Da junção da sua arte de escrever com o ativismo, nasceu o blog Chairleader. Raquel desloca-se em cadeira de rodas e usa a sua plataforma para abordar várias questões sociais, nomeadamente deficiência, cultura, saúde mental e sexualidade. Acredita no poder das histórias e espera um dia conseguir partilhar as suas palavras com ainda mais pessoas.

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Raquel Banha

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